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3 de abr. de 2014

Eu vou falar de romance



Se você parar pra pensar, como eu parei pra pensar (com uma amiga minha que manterei no anonimato no momento, mas cujo nome rima com “cash”), parece que os livros em série não aproveitam muito o fato de que eles são... uma série. Tipo, eu e essa pessoa estávamos conversando sobre como muita gente vê o termo “trilogia” e já fica cheia dos preconceitos,  achando que vai ser a mesma coisa de sempre. Pessoal não tem mais paciência para Trilogias, ou Quadrilogias, ou Seriologias, porque imaginam que o desenvolvimento será o mesmo.

O desenvolvimento romântico. Estou totalmente me referindo ao aspecto romântico da coisa. Isso mesmo, vou escrever um post sobre alguns pensamentos que tenho quanto ao romance. E vai ser ótimo, PORQUE ROMANCE É UMA COISA IMPORTANTE NA FICÇÃO. Leia e comprove.

Certo, então vamos pegar um livro de romance em um stand alone. Pode ser YA, pode ser histórico, pode ser distópico, pode ser contemporâneo, pode ser o que for, temos uma fórmula básica:

Uma pessoa conhece a outra. A narrativa expõe (sutilmente ou de maneira óbvia) que há um interesse, que não é exposto pelos próprios personagens de primeira por infinitos motivos (eles se odeiam! Eles não querem estragar a amizade! Eles não querem dramas de romance por enquanto! Eles acham que gostam de outro! Eles acham que não é amor! Eles vão morrer em breve! Etc). Acontecimentos, acontecimentos, personagens principais quase ficam juntos, mas aí, ah não, intrigas!, mal-entendidos, desencontros!, crimes!, etc, obstáculos que protagonistas normalmente conseguem vencer para, no fim, finalmente!, ficarem juntos!\
(não estou dizendo que todo livro de romance seja a mesma coisa ou que eles sempre sigam essa mesma fórmula. Só estou falando que, na minha experiência, essa é a fórmula mais comum.)

Agora, eu AMO essa fórmula. É por isso que continuo lendo livros de romance, mesmo quando as coisas parecem ser previsíveis. Eu gosto da construção, do friozinho na barriga que eu sinto quando personagens têm alguma interação, por mais breve que seja. Eu acho as brigas sexy, eu tampo o rosto com a mão quando há um desentendimento idiota, e fico rindo que nem uma idiota quando o casal se beija no fim e faz alguma declaração idiota que geralmente é uma piada interna do começo do livro. O livro inteiro preparou meu coração para aquele momento final, o que me deixa feliz demais da conta, sô.

É por isso que é injusto quando, às vezes, pessoas dizem algo do tipo “não foquem no romance! Foquem no plot da história”, sendo que romance é um plot! Romance muda as coisas, muda os acontecimentos, muda os personagens, é IMPORTANTE. E apesar de eu ter apresentado essa “fórmula” de como os fatos  acontecem, eles ainda são muitíssimo variados, e há desenvolvimentos interessantes, e reviravoltas fascinantes, e construção impressionante de personagens, e é incrivelmente lindo, todo mundo devia apreciar isso, e não falar sobre como se fosse algo que foge do ponto principal da história. (Às vezes é, mas nem tantas vezes assim, e se o escritor foi idiota para escrever um romance assim, é porque a história toda nem deve ser tão boa, de qualquer maneira)

Mas com livros em série, o que percebo, no geral, é que... bem, o casal fica junto no começo da série, e aí eles acabam enfrentando outros tipos de problemas que casais enfrentam depois de ficar junto, o que é ótimo e tal, mas sabe, aquele friozinho na barriga que a gente tem enquanto lê, aquele sorrisinho idiota das pequenas interações que eles têm um com outro... isso meio que passa.

E não estou dizendo que isso é ruim, eu acho legal quando livros exploram realidade depois do primeiro beijo e tals, mas eu só acho que em livros em série a gente vê mais o casal ficando junto no começo do que... ficando junto no final.

Alguns exemplos:

Em O Diário da Princesa os meus livros favoritos são os três primeiros, porque tem todo aquele build-up de: Mia acha que gosta de Josh! Michael está no background! Josh é um babaca! Mia gosta de Michael! Michael tem uma namorada que clona moscas! Mia manda bilhetinhos de amor para Michael! Michael retribui recadinhos com uma animação de computador! Mia acha que é piada e sai correndo! Michael vai atrás dela! OMG OMG É AGORA FINALMENTE É O BEIJO!!!!!

E no meio tempo, tem todas as outras coisas acontecendo na vida de Mia, o que faz com que essas pequenas interações entre ela e Michael seja algo bem breve e especial no livro. Algo que faz seu estômago encher de borboletas toda vez que acontece.

É tão bom, gente. Tão booom!

Daí, do livro quatro até o livro oito, o relacionamento entre eles ficou meio que... chato. Tipo, tinha seus momentos fofos e tal, mas nada que se comparasse ao Michael perguntando pro Lars se ele ia estar cockblocking o Josh quando ele saiu com a Mia. (omg agora fiquei com saudade de ler a série).

Um exemplo positivo desse tipo de coisa: Sociedade Secreta, da Diana Peterfreund. 

(ATENÇÃO, SE VOCÊ NUNCA LEU ESSA SÉRIE E PRETENDE LER E NÃO GOSTA DE SPOILERS: CUIDADO, EU VOU FALAR SPOILERS!!!!)

SPOILER ALERT! SPOILER ALERT! SPOILER ALERT!

Certo, então a série começa com Amy tendo vários interesses amorosos, nenhum deles sendo, NEM DE PERTO, o Poe. E aí, aos poucos... bem aos poucos mesmo... acho que no fim do livro dois... mostra que eles talvez possam ser amigos. Porque eles eram bem que inimigos no começo. Mas a construção acontece tão vagarosamente, beeeem vagarosamente, que aos poucos, quando eles vão começando a ter mais contato um com o outro, seu coração começa a bater mais rápido e você fica pensando “wow será que isso vai rolar pra valer?” e você começa a simpatizar com os dois juntos até chegar no ápice, onde tudo que você quer é sexo selvagem na praia.

Mas sabe? Foi tão gostoso acompanhar! E mesmo quando eles ficaram “juntos”, a evolução do relacionamento foi beeeeeem lenta e você ficava doida, arrancando os cabelos e pensando “anda logo!!!”

É triste que eu quase não falo “anda logo!!” com romances em livros de série.

E quem sabe esse nem era o plano da Diana Peterfreund. Talvez o plano dela para vida romântica de Amy fosse totalmente outro, mas ela sabia que Poe era a finzão da Amy e aí ficou “ei! Eles têm boa química. Vou investir!”

Isso é OK, também. O autor às vezes se deixar levar pela série. Tipo, eu sei que quando alguém começa uma série, ela precisa ter uma outline mínima do que vai acontecer, mas nem tudo precisa ser decidido desde o começo. E o que foi decidido não precisa prevalecer até o fim! (ou então podemos ter fins trágicos como o de HIMYM cof cof cof)

Como minha amiga me mostrou agora mesmo, Peterfreund não estava planejando em ter Poe como protagonista!
FIM DOS SPOILERS DE SOCIEDADE SECRETA

Agora, no momento, estou lendo a série Raven Cycle (o primeiro volume já foi lançado em português), da Maggie Stiefvater, que também é um bom exemplo disso!

SPOILERS DE RAVEN BOYS SPOILERS DE RAVEN CYCLE, SPOILERS DE RAVEN CYCLE!!!!!! DOS DOIS LIVROS QUE JÁ LANÇARAM. ENTÃO NÃO FIQUE PENSANDO “AH, JÁ LI O PRIMEIRO, ENTÃO TUDO BEM ESSA PARTE DO POST” PORQUE EU TAMBÉM FALO SPOILER DO SEGUNDO, ENTÃO NÃO DIGA QUE NÃO AVISEI.

Então, no primeiro livro, o interesse da Blue era o Adam e ninguém mais que o Adam. Não tinha nada nada nada entre ela e o Gansey (além do começo do livro, onde ela vê o fantasma dele e a gente fica “oh! Eles vão se apaixonar e é isso que vai matá-lo?”. Mas isso é tão no começo que quando você como Adam e Blue é fofo, você meio que esquece). Blue e Adam tem envolvimento adorável, de só pegar mãos e se entender e essas coisas. Daí, do nada, Blue entra na árvore e vê aquele flash entre ela e o Gansey e é tão lindo que você simplesmente fica “OMG OTP!!!!”. Bem, pelo menos foi assim que eu fiquei. Mas acontece que quando Blue viu isso, ela ainda não tinha sentimentos pelo Gansey, então foi bem confuso pra ela. E enquanto o segundo livro vai progredindo, o sentimento meio que começa a nascer, só que bem mais ou menos, porque o Adam some, e o Gansey e a Blue sentem falta dele, e a Blue sente que só consegue conversar com o Gansey, e aí o Gansey começa a ter mais sentimentos pela Blue, e ele liga pra ela só pra ouvir a voz dela porque ele estava estressado e queria que ela contasse das loucuras que estava acontecendo na casa de mulheres doidas que ela mora E OMG É TÃO BOM! E é super breve, claro, porque Raven Boys tem apenas 5873298570298 de coisas acontecendo ao mesmo tempo, e os flashes de romance é um parágrafo a cada 200 páginas. Mas é bom. Te deixa intrigado. Te deixa impaciente. E te deixa ainda mais feliz quando um momento de romance finalmente acontece. (eu falei de Gansey e Blue que é meu OTP, mas ainda tem Ronan e Adam que NEM SEI O QUE PENSAR TAMBÉM).

FIM DE SPOILER DE RAVEN CYCLE FIM DE SPOILER DE RAVEN BOYS FIM DE SPOILER DE RAVEN CYCLE.


Certo, para quem não leu as partes de spoilers: basicamente expliquei o tanto que romance aos poucos me deixa feliz em livros em série. Acho que o romance que mais me enrolou foi Ron/Hermione, em que eu fiquei literalmente ANOS catando todos os tipos de pequenos momentos, porque o beijo mesmo só ia acontecer NO FIM DO ÚLTIMO LIVRO. Mas eu me diverti tanto. Me diverti taaaanto pensando em como eles ficariam juntos, me diverti ao reler os livros e catar pequenos momentos entre eles que não tinha catado de primeira. Foi uma coisa que me fez bem, sabe. E eu queria que mais livros de série aproveitassem isso.

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